Conheça a delicada Avenca: de ornamental a medicinal

Por Administrador - segunda-feira, julho 17, 2017

Há algum tempo atrás, eu e minha esposa, Luana, fomos fazer uma visita até a casa de seu pai em Taió, que fica cerca de 60 quilômetros de distância de onde moramos.

Apesar de não gostar de dirigir carro, é sempre bom chegar lá. A casa é grande! São 2 andares, muitos quartos, banheiros, área de festa, piscina... realidade da qual fora vivo (e nada me faz falta). É realmente tudo lindo. Mas o que mais me encanta é a “sobra” do terreno, que foi utilizada para criar um bosque de um verde contagiante. Foi lá, em meio a árvores, córregos e sobra que encontrei uma planta extremamente delicada e dona de um visual que eu, até então, jamais havia visto. Essa era a Avenca!



No meio de tanto verde, tamanha miudeza conseguiu chamar minha completa atenção da mesma forma que um letreiro faz para destacar sua vitrine das demais. Suas folhas são finíssimas, assim como seus ramos, e dispersas em forma irregular que, para mim, muitas vezes se assemelham a de uma pirâmide. Já seus ramos são fininhos e, ao mesmo tempo, bem escuros, criando um contraste tão singular que palavras não são capazes de expressar.

Dentro de casa, as Avencas enriquecem e as deixam ainda mais próximas do contato com a natureza. E por falar nisso, é bem fácil o seu cultivo, porém, necessita do cultivador certos cuidados para que se mantenha o mais próximo das suas condições naturais, evitando aspectos feios ou a própria perda da planta.

Nome Técnico: Adiantum capillus veneris
Nomes Populares: Avenca
Família: Pteridophyta – Família Polypodiaceae
Origem: Nativo do Brasil.
Tipo: Feto (não produzem flores e sementes)
Umidade: Vital. Em ambientes secos ela praticamente não sobrevive, a não ser que algumas coisas sejam feitas para elevar esse nível (prato de água no fundo e apoiar o vaso por cima utilizando pedriscos, argila expandida, ou qualquer outro material que consiga reter umidade e mantê-la por maior tempo.
Solo: Altamente drenável e com matéria orgânica. Gosta, e muito, de madeira morta assim como xaxim.
Sol: Nunca em contato direto.
Luminosidade: Ao máximo, evitando sempre o contato direto com os raios solares que podem desidratar e facilmente queimar suas finas folhas.
Água: Gosta de terra levemente úmida, mas nunca encharcada, pois aumenta as chances de apodrecimento ao lado de incidência fungicida.
Temperatura: Climas tropicais de mata fechada, variando de 15 à 30ºC. Vale citar que odeia o extremo: tanto o frio, como o calor demasiado, pois acaba por se queimar e desidratar facilmente.
Vento: Não toleram! Devido a sua estrutura fragilmente composta, ambientes que possuam muito vento podem acabar quebrando seus galhos, fazendo com que a muda possua dificuldades durante seu desenvolvimento.



Vale lembrar que, tanto a Avenca, como todas as outras plantas, não exigem determinada dose de água a cada x dias. Isso é um erro que pode ser fatal! As plantas são seres-vivos e os dias nunca são iguais: alguns mais quentes, outros nem tanto, alternância na taxa de evaporação, etc. Por isso, o que mais vale aqui é a observação. Na hora de regar, atente-se ao solo, toque, sinta o aspecto. Se a cobertura estiver levemente úmida, é sinal de que seu interior ainda contém um bom índice de água, dispensando a rega naquele dia. No dia seguinte você novamente observa e repete todo o ritual. E é desta forma que você conseguirá os exemplares mais belos, não o contrário. Então vamos lá!

Como plantar uma muda de Avenca

Para você que quer ter sua mudinha de Avenca dentro de casa e deseja que seu aspecto se mantenha sempre belo e vívido, é muito fácil começar:

O primeiro passo é possuir a muda - lógico! Para isso você poderá ir até viveiros, comprar online (acho arriscadíssimo devido a sua sutileza em conjunto do transporte) ou ir até algum local específico que você já saiba que possua esta muda. No meu caso, atrás da casa da minha Nona (o mesmo que vó, só que oriunda da cultura italiana) encontrei inúmeras mudinhas, nenhuma grande o bastante, mas todas com o desenvolvimento necessário para serem coletadas.

Em caso de coleta, seja delicado! Seu sistema radicular é muito superficial e fino, podendo facilmente ser danificado em um simples puxão. Portanto, opte por utilizar instrumentos que permitam você puxá-la de dentro para fora. Desta forma ela já acaba vindo junto com um torrão de terra, diminuindo, ao meu ver, a intensidade do impacto da sua retirada. Em outras palavras, a chance de sucesso é maior.



Apenas como observação, fiz a coleta das mudas próximo ao fim da tarde, cerca de 17 horas. Após plantá-la em vaso definitivo, questão de 2 horas depois, ela já começou a mostrar indícios de que havia sido movida, estressada. Algumas das folhas murcharam e outras perderam seu verde vivo, tomando agora uma cor mais escura, opaca. Isso mostra e prova a sua grande sensibilidade, tendo suas reações praticamente instantâneas as ações.

Estando com seu exemplar em mão, agora você deve escolher o local onde a mesma será plantada. Este poderá ser tanto um vaso como um lugar fixo. Atenção para esta última opção, pois exigirá a reprodução apropriada ao meio em que tal espécie vive. Dentre elas, opto sempre pelos vasos.

O tamanho do recipiente não é importante: não deverá ser demasiado pequeno e sim possuir dimensões apropriadas para o desenvolvimento vegetativo da planta. Em seu interior, buracos de dreno são altamente necessários. Apesar de curtir a água, ela odeia os excessos e, principalmente, terra encharcada.

No fundo do recipiente, acrescente uma camada de cascalhos, brita, pedra, argila expandida ou qualquer outro material que possa ajudar no escoamento da água. Ao meu ver, o método perfeito seria começar dos maiores aos menores, criando assim um filtro perfeito para que tanto a água possa escoar, como o tão necessário oxigênio circular. Uma opção alternativa é acrescentar pedras e, aí então, uma camada de folha de jornal bem fina. Dessa forma você evita que o barro penetre por entre as pedras e saia pelos furos de drenagem.


O próximo passo é a escolha do substrato ideal. Neste ponto, depois de muito pesquisar, cheguei a uma conclusão, porém, não é imune a falhas: terra vegetal, esterco curtido e serragem. Observando o local onde as recolhi, percebi, não sei se é mera quimera, que onde meu nono havia jogados restos de serragem elas estavam com aspectos ainda melhores. Cheguei a conclusão de que gosta da madeira decomposta em mistura ao seu substrato. Alguns locais da internet até recomendam o uso do pó de xaxim, que já sabia ser altamente compatível com fetos.

Se tratando de proporções, a aplicação de esterco foi mínima, apenas “temperei o substrato” com ela a fim de enriquecer suas propriedades. Já a serragem, cerca de uma mão cheia para um vaso de 5L. Ela, para mim, irá atuar tanto como auxiliadora na aeração da terra como, também, proporcionar matéria orgânica. Até então, tem dado certo, mas continuo observando e testando diferentes opções com demais mudas.

Colocando minha opinião de lado, o que pude encontrar na internet é que adora solos ricos em nutrientes, matérias orgânicas e fim. Simples assim, pena que eu nunca me sinto satisfeito com o que passam, aí faço essas loucuras para testar, mas que, em contrapartida, sempre dão certo (ao menos por enquanto).

Depois de ter plantado sua mudinha, é hora de aprender a mantê-la sempre bela e saudável.

Dicas de cuidados

Começando pelo local onde a planta irá ficar, este mesmo deve apresentar as três condições necessárias para seu pleno desenvolvimento: umidade, temperatura e luminosidade.

A luminosidade pode facilmente ser resolvida ao colocar a planta naquele cantinho próximo a janelas, portas ou qualquer outro lugar em que a iluminação do sol (não seus raios) se faça presente com boa intensidade. Já a umidade, basta acrescentar um prato ou qualquer outro tipo de recipiente sobre seu fundo e enchê-lo de cascalhos ou argila expandida com acréscimo de água. Desta forma a evaporação ocorre constantemente e sua planta terá ao menos a base para sua subsistência. Para evitar que a terra absorva essa água dedicada a outro fim, você pode apoiar o vaso sobre pedras a fim de elevar sua altura. Já o calor é fator de localização, necessitando certa observação e estudo para definir seu local apropriado.

A rega deverá ser feita sempre que o substrato aparentar estar levemente seco e nunca o contrário. Em períodos de frio, se necessário, a rega deverá ser reduzida, assim como deverá ser aumentada em épocas de calor. Prefira sempre o menos do que mais. Na hora de efetuar a rega, molhe o substrato generosamente sem encharcá-lo. Lembre-se, ela gosta de umidade e fica por isso. Portanto, não deve ser tratada como uma planta aquática (brincadeira, rs).

Quando em vasos, seus nutrientes se esgotam e devem ser repostos através de adubações periódicas. No meu caso, utilizo sempre fertilizantes orgânicos ou, então, os solúveis da Peter’s Forth Professional, os quais recomendo de boca cheia, pois nunca deparei com problemas relacionados a overfert (adubação excessiva), um grande vilão dos jardineiros e jardineiras de plantão. Outra excelente opção é o Osmocote, que são pequenas bolinhas que vão soltando, aos poucos, nutrientes para a terra. Pelo fato de ser um produto que possui de 3 à 5 meses de atuação/duração, é menos agressivo e também traz excelentes resultados, além de dispensar adubações constantes. As doses devem ser seguidas de acordo com as indicações do rótulo do produto. No meu caso, por segurança, opto sempre por dosagens inferiores às recomendadas. Faça os testes!

Mas, mesmo adubando com frequência, chegará um ponto em que o substrato da planta não terá mais propriedade alguma, se tornando completamente descartável. Por isso, é importante realizar o transplante da planta a cada 2 anos, que deverá ser feito na primavera, seguindo novamente todos os procedimentos iniciais necessários.

Dicas de Manutenção

Deixar sua planta com aspecto sempre belo requer algumas ações manuais. Para que seu topo esteja sempre verde e bonito, você pode remover os galhos secos, murchos ou com aspectos feios com o auxílio de uma tesoura. Para isso, basta cortá-lo bem rente a base. Essa atitude beneficiará e muito sua avenca! Com o descarte destes ramos, melhora-se a incidência de luz em toda a planta, além de garantir que novos brotos cresçam, dando origem a folhagens novas.

Se sua plantinha estiver apresentando folhas escuras, se atente ao local em que está e se o mesmo apresenta aspéctos de poluição. A cozinha é um bom exemplo disso graças a seus óleos e frituras, e caso esteja em um ambiente assim, retire-a imediatamente dali. Elas odeiam atmosferas impuras, necessitando de ar fresco sempre.

Propagação: como fazer mudas

Assim como as samambaias, as avencas não produzem qualquer tipo de semente ou flores para realizar sua reprodução. Para isso, geram embaixo de suas pequenas folhas os conhecidos “esporos” que são pontinhos escuros que se distribuem em toda a estrutura inferior da planta, os quais são carregados e disseminados pelo vento, dando continuidade ao seu ciclo de vida.

Para fazer isso manualmente, você poderá coletar esse material com o auxílio de uma faca. Durante o processo, uma folha poderá ser posta debaixo, assegurando que a coleta seja efetuada. Depois, prepare o local de germinação utilizando apenas pó de xaxim e espalhe os esporos por toda a superfície. Aplique um plástico transparente para protegê-lo e garantir os níveis ideais de umidade para uma alta taxa de germinação. Após feito, basta manter o recipiente à sombra. Com o passar dos dias, uma espécie de musgo se criará pela superfície: este é o início do seu ciclo de vida. Após atingir certa maturidade, com aproximados 2 à 3 centímetros de altura, poderão ser transplantados a seus locais definitivos.

Também é possível multiplicar seu exemplar através da divisão de touceiras, bastando separar uma das outras e replantá-las novamente. Apenas tome cuidado para não prejudicar os rizomas, que são frágeis e não tão abundantes para permitir falhas. Lembre-se de plantá-las imediatamente após a separação, pois se desidrata facilmente quando fora do solo.


Contra Pulgões e Cochonilhas

Contra as Cochonilhas, recomendo que utilize o óleo de neem. Já para outras pragas, como pulgões e lagartas, opte pela calda de fumo, esta última eu te ensino com maiores detalhes nesta matéria.

Aplicação na Medicina

A Avenca, além de embelezar os ambientes, ainda possui inúmeras outras finalidades. Mas como não sou especialista nem em jardinagem, quem dera ter propriedade para tratar assuntos de saúde. Deste modo, fui atrás de um site com excelente reputação, de onde pude tirar muitas informações a seu respeito. O site em questão é este daqui: Chá Benefícios.

Suas propriedades são: anti-inflamatória, diurética, adstringente, depurativa, laxante, tônica, sudorífica, expectorante, antibacteriana, antioxidante, balsâmica, emoliente e estimulante;
Indicada para pessoas com dificuldade de urinar;
Funciona como um leve sedativo natural;
É muito útil no tratamento contra tosses, catarros, gripes, afecções bronquiais e rouquidão;
Alivia a asma;
Ajuda o aparelho respiratório a funcionar melhor;
Acaba com a caspa.
Reduz a temida queda de cabelo.
Trata vários problemas na bexiga, no fígado, no baço e no pulmão.
Alivia as incômodas dores menstruais e reumáticas.
Regula a menstruação.

Quanto às contra indicações: portadores de hipoglicemia, gestantes e mulheres com cânceres estrogênio-positivos não devem consumir a avenca. Já os efeitos colaterais, são menos: pacientes diabéticos devem ter cuidado, já que a avenca potencializa a insulina e medicação antidiabética, o ideal é que esses pacientes não consumam a planta.

Acredito, eu, que a planta não se resume a esta insignificância. Inúmeras outras propriedades podem estar ocultas por trás desta miúda e delicada planta. Caso queira, você pode contribuir com maiores informações nos comentários abaixo, pois, como já disse, não sou conhecedor, mas sim mero amante dedicado que vive coletando, sejam mudas ou suas informações.

Até a próxima!

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